PLANOS DE BAIRRO
Cova do Vapor – a construção do Plano de Bairro
Graziela Mendes
A Cova do Vapor é um pequeno povoado informal, localizado perto de Lisboa, Portugal, marcada por sua geografia, na confluência do Rio Tejo com o Oceano Atlântico. Com sua história permeada de desafios fundiários e ambientais, rumores recorrentes alimentam notícias não oficiais sobre a demolição obrigatória da aldeia ou de partes dela. As duras condições físicas impostas pelo avanço do mar, o vazio político que gere o povoado, o crescente fluxo de pessoas ocupando o território, bem como a iniciativa comunitária que historicamente configurou a Cova do Vapor fizeram com que o local fosse o alvo ideal para a realização do estudo participativo com ação bottom-up intencionado ao co-design. No Plano de Bairro da Cova do Vapor, resultado deste trabalho de investigação participativa, a análise de recursos e problemáticas junto aos padrões observados foram categorizadas em dimensões e então culminaram em um programa urbanístico com propostas de cenários. Tais cenários foram desenvolvidos a partir de demandas locais com a intenção de aproximar a arquitetura e o urbanismo às questões sociais, econômicas e ambientais de comunidades e fornecer como produto um material de auxílio e discussão à Cova do Vapor para suas futuras possíveis intervenções.
Plano de Bairro da Vila Cauhy Vol.01
Pedro Ernesto Chaves
A Vila Cauhy é um assentamento precário localizado na Região Administrativa do Núcleo Bandeirante em Brasília (DF) cujo o processo de urbanização é atravessado por vários conflitos ambientais que sinalizam para restrições na forma de ocupação do solo. Boa parte dessa problemática está relacionada à proximidade com o manancial Riacho Fundo que naquela região configura um ecossistema de veredas com 4 tipos de áreas de
preservação permanente (beira de manancial, declividade, nascentes e veredas) e dois tipos de áreas de risco (geotécnico e de inundação). Adotando uma metodologia de desenho urbano participativo com oficinas e reuniões em diálogo direto com a Associação de Moradores (AMOVIC), este trabalho teve como objetivo propor alternativas para a urbanização da comunidade sintonizadas com a demanda dos moradores. Como resultados foram produzidas diretrizes com base nos diagnósticos social e ambiental e nas oficinas participativas de forma a orientar o projeto de urbanização da comunidade nos campos do uso e ocupação do solo, espaços públicos, saneamento ecológico, habitação e preservação ambiental.
Plano de Bairro de Santa Luzia
Átila Fialho Rezende
Santa Luzia se desenvolveu de maneira informal à margem da cidade da Estrutural, desde o final da década de 1990, entre o Lixão da Estrutural e o Parque Nacional de Brasília. Desde 2017, o discurso por parte do governo a favor da realocação das famílias moradoras para um futuro prédio cujo projeto foi desenvolvido pela CODHAB-DF (Companhia de Desenvolvimento e Habitação do Distrito Federal) se intensificou. O assentamento se desenvolvera de maneira espontânea, nunca tendo recebido a devida atenção do governo com relação a implementação de infraestruturas básicas. O resultado disso é uma situação de extrema deterioração dos serviços públicos, da infraestrutura, do saneamento, da
sustentabilidade do meio físico e da saúde coletiva. Por outro lado, vemos ainda assim um bairro que possui muitas potencialidades pelo lado da sustentabilidade cultural (ou emocional), uma latente economia local e algum sentido de comunidade que integra os moradores. Conquanto o projeto futuro de moradias do governo possui baixos potenciais nesses últimos quesitos, ele se apresenta um tanto mais adequado nas questões físicas de sustentabilidade ambiental se comparado à ocupação atual. O Plano de Bairro pretende elaborar por meio de um processo participativo uma proposta que sirva como mediação dos conflitos existentes nesse espaço: ambientais, entre população e estado, dentro da própria comunidade e dessa com suas redondezas, dentro de um diálogo construtivo entre universidade e comunidade, com e para a população de Santa Luzia, defendendo uma solução que atenda às suas reais necessidades. Cabe expor a coletividade desse trabalho, feito conjuntamente
com o grupo de pesquisa e ação intitulado “Cidades saudáveis: mobilização e agenciamento de ações de infraestrutura ecológica para melhoria do habitat”, aprovado pelo edital Nº1/ 2017 - DEX/DDIR, composto por graduandos, mestrandos, docentes e participantes do PIBIC, com trabalhos realizados com integrantes do CASAS EMAU (Centro de Ação Social em Arquitetura Sustentável – Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo) e do grupo Periférico: Trabalhos emergentes. Até o presente momento, utilizamos estudos no qual pudemos averiguar que o projeto da CODHAB deixa a desejar na dimensão social e cultural da sustentabilidade. Já a ocupação atual tem uma avaliação preocupante na dimensão ambiental. O processo participativo foi feito com base em visitas, oficinas, debates e entrevistas, tentando articular-se com coletivos locais para a elaboração do plano. Por meio desse diagnóstico através da visão local e por meio da metodologia das dimensões da sustentabilidade, foi possível visualizar códigos espaciais, diretrizes, padrões e mapas que servem como cenários alternativos tanto para a situação atual como para a proposta do governo.